AVALIAÇÃO ÉTICA DA RELAÇÃO ENTRE FISCAIS E OS VENDEDORES AMBULANTES EM ANGOLA

AVALIAÇÃO ÉTICA DA RELAÇÃO ENTRE FISCAIS E OS VENDEDORES AMBULANTES EM ANGOLA

Como conceito, fiscalização pode ser entendida como a prática de vigilância constante sobre determinada actividade que tenha seu procedimento regulado por lei específica; o que torna esta actividade de soma importância para quem que governa e para quem é governado. Mas antes mesmo de cruzar as linhas que nos conduzem a compreensão, tanto da actividade de fiscalização quanto a de vendedores ambulantes, importa referir que as pessoas que se dedicam ao comércio ambulante em Angola, são comummente, chamadas “sungueiros/a”, este vocábulo, é oriundo da língua local Kimbundu, essencialmente do verbo «kuzunga» que quer dizer passear, dar um passeio. E então, sungueiro, seria aquele/a pessoa que caminha com os seus produtos de rua em rua para a devida comercialização.
Naturalmente, este comportamento comercial, logo a partida, constitui em matéria para actuação dos fiscais com vista a reposição da ordem na «polis», até aí, e do ponto de vista teórico, este é um principio de boa governação e humano porque visa tão-somente garantir o bem-estar do cidadão de um modo geral.
A querela entre fiscais e comerciantes ambulantes, vulgos sungueiros, começa na interpretação das leis que são emanadas, das reais intenções, da natureza não só do comportamento, mas do próprio fiscal, ou seja, saber se o fiscal tem realmente consciência dos seus actos, se sente a angústia das suas vítimas e demais dúvidas que deixam-nos sem entender o propósito das suas actuações.
Mas se prestarmos a devida atenção, vamos verificar que os fiscais não saem das suas casas para correr, principalmente com as senhoras, até porque, muitos deles, têm esposas “sungeiras”, ou ainda, os fiscais, são causa causada. Estão aí porque cumprem ordens superiores, porque alguém acredita que pontapear produtos de gente pobre, é trabalho digno.
A actividade dos nossos fiscais, dá a ideia de que é desenvolvida contra animais ferozes, ofende os primados éticos e traduz-se num recuou a contínua dignificação da pessoa humana. O governo angolano, por via dos fiscais, ainda não entendeu que os produtos vandalizados pelos seus trabalhadores, servem para sustentar famílias, o fiscal tem imensas dificuldades em entender que ninguém sente-se bem vagueando com
banheiras na cabeça só para ter o que comer e vestir, ainda custa-lhes perceber que não oferecem alternativas ao povo quando dizem para não vender numa determinada rua.
Não precisamos perder imenso tempo para entendermos que as pessoas buscam formas alternativas para viver, um povo sem cultura académica que proporcionaria maior interesse em conhecer as coisas e, consequentemente atiçar a capacidade crítica, vive acreditando que as coisas estão assim, porque assim Deus quis e não percebe que existe um grupo de pessoas que esbanja tudo aquilo que a lei lhes garante.
O fiscal destituído de fundamentos humanos, olvida que a pessoa que apanha chicote, perde a única coisa que tem para continuar a “semear” esperança ante as suas crianças, o negócio; é exactamente isso que o fiscal, é ainda invadido por um apagão na sua mente que o impede de fazer o certo e pensar que fazendo isso, estaria a matar uma família inteira.
O comportamento destes indivíduos, faz ver que o nosso governo, não é humano, faz guerra contra quem não pode se defender, humilha o povo que diz amar, atira ao inferno as massas que quando precisa, vai fazer número nos comícios e nada mais, aliás, o posso não passa de “objectos votantes”.

Por : khadhya 
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